quarta-feira, 3 de junho de 2009

Rendezvous

Esse é um texto de Silvio Guerra, mas faço minhas as palavras dele!Sabe quando temos a sensação de que as coisas começam a perder o sentido? Creio que isso acontece porque podemos não acompanhar o ritmo das mudanças, sejam elas quais forem. Como se do dia pra noite tudo não passasse de rotina numa selva de concreto não mais sentimental e abstrata como antes, mas irreal e inconsistente; é difícil, porém não consigo me cegar a essas reviravoltas e fingir que nada está acontecendo. E daí você sente que deve escrever para não explodir com tanto o que pensar, entre possibilidades e tentativas de entendimento de situações impossíveis de se entender. É, nasci com essa semente verbal que aos poucos vai germinando em milhares de frases, mas de que adianta sendo que não consigo aprender nada comigo mesmo? Ainda mais porque não estimo grandes conquistas para pessoas que não conhecem a si mesmas... No entanto quanto mais penso, me perco no horror de imaginar ser uma dessas pessoas, por mais que minhas ambições sejam maiores que meus próprios sonhos. E existe um abismo de diferença entre ambos... Mas enfim, esse é um texto sobre mim, portanto não confunda quem fala com o que é dito, já que como disse no início, a minha tão uniforme e retilínea lógica está mais uma vez sendo interrompida por uma série de reações em cadeia que bagunçam generalizadamente TODOS os meus aforismos, não vejo mais motivos pra tentar escrever para mim mesmo... Sabe quando você percebe que vai deixar tudo desabar? Sinto o sangue que corre nas minhas veias congelando e não vejo solução para isso a não ser a única estrada que me resta dentre todas as alternativas. Não preciso nem dizer que é a mais complicada, certo? Já prevejo minhas próximas palavras sangrando em versos de culpa, egoísmo e irresponsabilidade... Mas o que diabos eu entendo de ”Amor”? Sei que é muito mais que palavras e sentimentos, entretanto meu passado de trilhas de corações desapontados e esperanças perdidas equilibram-se com todos os sorrisos que já fui capaz de proporcionar. Novamente, vejo-me preso nessas correntes de prerrogativa felicidade momentânea... No entanto, será diferente. Serei eu quem proporcionará as novas mudanças e por mais que doa, este continua sendo meu jogo e ainda se manterá no meu ritmo, nas minhas circunstâncias, as quais ninguém além de mim mesmo precisa entender. Não quero me manter tendo essa impressão de que estou perdendo meu tempo num sacrifício sem fim.Voltando aos meus caminhos... Se de um lado jogo para o alto todas as decisões já feitas e os ganhos já tidos, do outro vejo um novo mundo se abrindo aos poucos com dezenas de pequenos universos a serem explorados sem receio ou compromisso algum. É aquela velha história da contrabalança entre o que se tem e o que se poderia ter; ah, como eu queria que fosse simples assim... Há coisas muito mais profundas do que essas palavras podem dizer. Mais uma vez levei as coisas longe demais. Dizem que só aprendemos de verdade se for pelo caminho mais difícil, sabe, eu até concordo com isso, mas a minha realidade... a minha realidade é outra. Sinto como se merecesse toda essa neblina que abruma cada vez mais meu orgulho com a dor de uma decisão pendente... A propósito, rendezvous é um termo em francês que significa “bagunça”, mas também pode significar “retorno” ou “encontro”. Não existe, em todo meu livro de palavras, um título melhor para este atual momento...

Silvio GuerraPublicado no Recanto das Letras em 02/01/2008Código do texto: T799521

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